Entrou em vigor ontem a nova carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&F Bovespa. O índice de ações, que reúne papéis de empresas com boas práticas socioambientais e de governança corporativa, passou pela quinta atualização desde sua criação, em 2005. A nova carteira cresceu em número de papéis em relação à do ano anterior: são 43 ações de 34 companhias, que, juntas, respondem por um valor de mercado de R$ 730 bilhões. A carteira anterior reunia 38 ações de 30 companhias e um valor de mercado de R$ 1,2 trilhão.
Apesar da queda no valor de mercado da carteira – segundo a BM&F Bovespa, ela é decorrente de fusões nos anos 2008 e 2009 entre empresas que já constavam do índice, como os bancos Itaú e Unibanco e as empresas de alimentos Sadia e Perdigão, que formaram a BRF -, analistas de mercado apontam que o segmento de investimentos socialmente responsáveis no Brasil se mostrou resistente, mesmo com a crise financeira.
“Os investimentos em ativos com foco em sustentabilidade passou por solavancos, assim como todo o mercado de ações”, diz Roberto González, analista de sustentabilidade da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). “Mas agora a tendência é de ajuste, com o retorno à Bolsa tanto dos investidores pessoa física como dos institucionais, como fundos de pensão”, diz González. Os fundos de investimentos total ou parcialmente atrelados à carteira do ISE, hoje 12, somam um patrimônio líquido de R$ 940 milhões – o valor já chegou a R$ 1,5 bilhão antes da crise internacional.
NOVOS SETORES
Para fazer parte do ISE, as empresas com maior liquidez na Bolsa passam por uma seleção, encabeçada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base em critérios sociais, ambientais e de governança. Das 28 empresas que constavam na carteira anterior, 26 foram mantidas na nova carteira.
As oito que ingressam agora e não estavam na anterior são Copel, Even, Itaúsa, Indústrias Romi, Redecard, Sul America, Usiminas e Vivo. “Construção civil, máquinas e equipamentos e seguros são setores “estreantes” na carteira, e mostram que esses setores começam a evoluir em gestão com foco em sustentabilidade”, diz Sonia Favaretto, diretora de sustentabilidade da BM&F Bovespa.
Segundo Carlos Terepins, presidente da incorporadora Even, estreante do setor de construção civil, a indústria vem sendo cobrado para apresentar transparência. “Publicamos este ano o primeiro relatório de sustentabilidade do setor da construção civil elaborado segundo diretrizes internacionais.” (Andrea Vialli – O Estado de S.Paulo)